Space Invaders - A Invasão Oriental

Por Sandro Massarani Plataforma Original: Arcade (fliperama) Ano: 1978 Criado por: Taito (Tomohiro Nishikado) Apesar de jogos como Pong, Breakout, e consoles como o Odyssey e o Atari VCS terem promovido certo interesse, principalmente como inovação tecnológica, o final da década de 1970 mostrava que a grande maioria das pessoas ainda viam os videogames como uma onda passageira. Faltava ainda surgir algo grandioso e impactante, não só para os Estados Unidos, mas sim para todos os países desenvolvidos, que mostrasse os videogames sendo mais que uma promessa. Faltava algum equipamento ou programa que definisse os rumos a serem tomados. Estimulado pela razoável recepção de seu jogo Gunfight tanto nos EUA quanto no Japão, o engenheiro e programador da Taito, Tomohiro Nishikado, intrigado pelas inovações mostradas em Breakout, jogo onde havia a possibilidade de passar de "fase" ao destruir todos os blocos, resolveu para o seu próximo projeto acrescentar inimigos que se movessem e que atirassem de volta. Os inimigos não poderiam ser humanos, pois isso seria para a época politicamente incorreto. Fazer aviões era muito difícil, pois não havia como simular de maneira satisfatória o ato de voar. Ao "ouvir" falar de um filme chamado Guerra nas Estrelas, que havia estreado nos EUA, Nishikado decidiu por alienígenas, com formas que lembrassem o clássico livro Guerra dos Mundos de H.G Wells. Desenhando monstrinhos que parecem polvos e outros seres do mar, Nishikado criaria os primeiros caracteres animados em um videogame. O resultado foi um jogo de tiro onde o jogador controla uma base lunar, protegida por escudos destrutíveis, devendo impedir ondas de sedentos invasores alienígenas de chegarem ao solo. Esse jogo de Nishikado terá um só nome em todo o planeta: Space Invaders. Em termos inovadores, os 55 inimigos não ficam parados esperando para serem destruídos, e sim se movem para a esquerda e para a direita, atirando, em uma dança hipnótica. Na medida que os monstros são destruídos, os sobreviventes tornam-se mais rápidos. Também não podemos esquecer da nave mãe, que rapidamente atravessa o espaço, exigindo um tiro preciso para sua destruição. O jogo originalmente não era colorido. O efeito de cor era obtido ao colocar um papel celofane na tela (overlay), provocando uma bela ilusão. Versões posteriores acrescentariam outros fundos e cores à batalha. Até hoje, Space Invaders se destaca por sua refinada jogabilidade, seu crescente nível de tensão e pela extrema dificuldade. Destrua todos os aliens na tela para passar de fase. Simples. Assustador. Os efeitos sonoros contribuem para aumentar o nervosismo, impondo aos nossos ouvidos um "tum, tum, tum", que ainda por cima se acelera na medida que os aliens se aproximam. Mas o pior de tudo é que o jogo não tem fim. A Terra será invadida. Não há como vencer. Lançado pela Taito no Japão e distribuído pela Midway nos Estados Unidos, Space Invaders fez tanto sucesso que pode ser considerado o primeiro grande “hit” da história dos videogames. Pong, o primeiro game de relativo sucesso, vendeu em torno de 8.000 máquinas nos Estados Unidos. Space Invaders, que teve uma recepção inicial não muito empolgante, vendeu mais de 60.000 máquinas nos EUA e absurdas 100.000 máquinas no Japão, país de proporções muito menores. O governo japonês teve que triplicar o número de moedas de 100 yen, as usadas no jogo, pois boa parte delas se encontravam dentro dos gabinetes dos arcades (alguns historiadores desmentem essa história, mas mesmo assim não deixa de retratar o fenômeno do jogo). Na pequena cidade de Mesquite, no Texas, os cidadãos mais conservadores entraram na justiça contra uma loja de fliperamas acusada de alienar os jovens a gastarem todos os seus dólares no jogo. Máquinas de Space Invaders eram encontradas em todos os locais possíveis e imagináveis, desde hotéis até lavanderias. Uma das principais inovações deste lendário clássico foi a de inaugurar nos videogames a marcação do High Score (recorde de pontos), mesmo que você não pudesse ainda colocar suas iniciais. Milhões de fichas foram compradas só pela tentativa de quebrar recordes locais. Sem dúvida alguma, Space Invaders e os jogos de nave em geral foram beneficiados pelo lançamento de Guerra nas Estrelas de George Lucas em 1977, que provocou uma febre consumista em cima de qualquer produto relacionado ao cosmo e seres alienígenas. Finalmente ficava claro que os videogames realmente podiam dar lucros. E muitos. Por incrível que pareça, uma das empresas mais beneficiadas com o sucesso de Space Invaders foi a Atari. Rapidamente, os executivos da Warner, na época os donos da empresa, fecharam uma licença exclusiva para o lançamento de Space Invaders para o Atari 2600 (na época chamado de Atari VCS). Milhares de pessoas compraram o pequeno Atari só para jogarem Space Invaders, que teve um tratamento digno no console com inacreditáveis cento e doze variações e com gráficos e jogabilidade muito semelhantes ao original. Space Invaders foi o primeiro jogo de arcade a ser licenciado por uma outra empresa para ser convertido para um console caseiro, tornando-se o cartucho mais vendido de 1980. O Atari 2600 começava a se tornar extremamente popular após quase ter sido descontinuado por Nolan Bushnell, o fundador da empresa. Space Invaders iniciou a chamada Era de Ouro dos videogames e arcades em 1978. O mundo do entretenimento nunca mais seria o mesmo. Foi um jogo que rompeu barreiras culturais, ao ser um grande sucesso tanto nos Estados Unidos quanto no Japão, abrindo caminho para um dos estilos mais populares de videogame, o Shoot'em Up (tiro) e para a influência decisiva que os japoneses teriam na agora nascente indústria do jogos eletrônicos. A invasão não veio do espaço, e sim do oriente, da terra dos sol nascente. Antecedentes Importantes: - Breakout Inspirou: - Galaxian, Galaga, Phoenix, Xevious, Gorf e praticamente todo jogo vertical de tiro com naves. Por que é revolucionário: - O primeiro jogo de grande sucesso em todo o mundo. - Consolidou o estilo Shoot'em Up, o jogo de tiro contra uma série de inimigos, abrindo caminho para outros jogos clássicos e evoluções como Galaxian. - O primeiro jogo a ter High Score. - Ao contrário da maior parte dos jogos da época, Space Invaders não tinha limite de tempo. O jogo só terminava quando o jogador perdesse todas as suas "vidas". - Primeiro jogo a ter personagens animados. - É impossível vencer, o jogo não tem fim. - Iniciou a Era de Ouro dos arcades. - Teve contribuição fundamental para fazer do Atari 2600 um dos videogames mais populares da história, ao ser o primeiro jogo de arcade a ser licenciado para rodar em um console caseiro. Ao contrário de Pac-Man, a conversão de Space Invaders é excelente, sendo difícil hoje em dia imaginar que o jogo tinha apenas 4K de tamanho. Foi feita por Rick Maurer, que só recebeu US$11.000 pelo ótimo trabalho. Além de Space Invaders, Maurer só fez mais um outro jogo para a Atari, Maze Craze, e nunca mais trabalhou para a empresa, famosa por oprimir seus programadores.
tópicos sobre narrativa, roteiros e mundos virtuais
Além do Cotidiano
O gabinete mostrando os gigantescos monstros alienígenas, algo bem diferente dos simpáticos inimigos dentro do jogo
A magnífica versão do Atari VCS (2600)
Rascunhos de Nishikado
Agitando as ruas de Paris
Além do Cotidiano
tópicos sobre narrativa, roteiros e mundos virtuais

Space Invaders - A Invasão Oriental

Por Sandro Massarani Plataforma Original: Arcade (fliperama) Ano: 1978 Criado por: Taito (Tomohiro Nishikado) Apesar de jogos como Pong, Breakout, e consoles como o Odyssey e o Atari VCS terem promovido certo interesse, principalmente como inovação tecnológica, o final da década de 1970 mostrava que a grande maioria das pessoas ainda viam os videogames como uma onda passageira. Faltava ainda surgir algo grandioso e impactante, não só para os Estados Unidos, mas sim para todos os países desenvolvidos, que mostrasse os videogames sendo mais que uma promessa. Faltava algum equipamento ou programa que definisse os rumos a serem tomados. Estimulado pela razoável recepção de seu jogo Gunfight tanto nos EUA quanto no Japão, o engenheiro e programador da Taito, Tomohiro Nishikado, intrigado pelas inovações mostradas em Breakout, jogo onde havia a possibilidade de passar de "fase" ao destruir todos os blocos, resolveu para o seu próximo projeto acrescentar inimigos que se movessem e que atirassem de volta. Os inimigos não poderiam ser humanos, pois isso seria para a época politicamente incorreto. Fazer aviões era muito difícil, pois não havia como simular de maneira satisfatória o ato de voar. Ao "ouvir" falar de um filme chamado Guerra nas Estrelas, que havia estreado nos EUA, Nishikado decidiu por alienígenas, com formas que lembrassem o clássico livro Guerra dos Mundos de H.G Wells. Desenhando monstrinhos que parecem polvos e outros seres do mar, Nishikado criaria os primeiros caracteres animados em um videogame. O resultado foi um jogo de tiro onde o jogador controla uma base lunar, protegida por escudos destrutíveis, devendo impedir ondas de sedentos invasores alienígenas de chegarem ao solo. Esse jogo de Nishikado terá um só nome em todo o planeta: Space Invaders. Em termos inovadores, os 55 inimigos não ficam parados esperando para serem destruídos, e sim se movem para a esquerda e para a direita, atirando, em uma dança hipnótica. Na medida que os monstros são destruídos, os sobreviventes tornam-se mais rápidos. Também não podemos esquecer da nave mãe, que rapidamente atravessa o espaço, exigindo um tiro preciso para sua destruição. O jogo originalmente não era colorido. O efeito de cor era obtido ao colocar um papel celofane na tela (overlay), provocando uma bela ilusão. Versões posteriores acrescentariam outros fundos e cores à batalha. Até hoje, Space Invaders se destaca por sua refinada jogabilidade, seu crescente nível de tensão e pela extrema dificuldade. Destrua todos os aliens na tela para passar de fase. Simples. Assustador. Os efeitos sonoros contribuem para aumentar o nervosismo, impondo aos nossos ouvidos um "tum, tum, tum", que ainda por cima se acelera na medida que os aliens se aproximam. Mas o pior de tudo é que o jogo não tem fim. A Terra será invadida. Não há como vencer. Lançado pela Taito no Japão e distribuído pela Midway nos Estados Unidos, Space Invaders fez tanto sucesso que pode ser considerado o primeiro grande “hit” da história dos videogames. Pong, o primeiro game de relativo sucesso, vendeu em torno de 8.000 máquinas nos Estados Unidos. Space Invaders, que teve uma recepção inicial não muito empolgante, vendeu mais de 60.000 máquinas nos EUA e absurdas 100.000 máquinas no Japão, país de proporções muito menores. O governo japonês teve que triplicar o número de moedas de 100 yen, as usadas no jogo, pois boa parte delas se encontravam dentro dos gabinetes dos arcades (alguns historiadores desmentem essa história, mas mesmo assim não deixa de retratar o fenômeno do jogo). Na pequena cidade de Mesquite, no Texas, os cidadãos mais conservadores entraram na justiça contra uma loja de fliperamas acusada de alienar os jovens a gastarem todos os seus dólares no jogo. Máquinas de Space Invaders eram encontradas em todos os locais possíveis e imagináveis, desde hotéis até lavanderias. Uma das principais inovações deste lendário clássico foi a de inaugurar nos videogames a marcação do High Score (recorde de pontos), mesmo que você não pudesse ainda colocar suas iniciais. Milhões de fichas foram compradas só pela tentativa de quebrar recordes locais. Sem dúvida alguma, Space Invaders e os jogos de nave em geral foram beneficiados pelo lançamento de Guerra nas Estrelas de George Lucas em 1977, que provocou uma febre consumista em cima de qualquer produto relacionado ao cosmo e seres alienígenas. Finalmente ficava claro que os videogames realmente podiam dar lucros. E muitos. Por incrível que pareça, uma das empresas mais beneficiadas com o sucesso de Space Invaders foi a Atari. Rapidamente, os executivos da Warner, na época os donos da empresa, fecharam uma licença exclusiva para o lançamento de Space Invaders para o Atari 2600 (na época chamado de Atari VCS). Milhares de pessoas compraram o pequeno Atari só para jogarem Space Invaders, que teve um tratamento digno no console com inacreditáveis cento e doze variações e com gráficos e jogabilidade muito semelhantes ao original. Space Invaders foi o primeiro jogo de arcade a ser licenciado por uma outra empresa para ser convertido para um console caseiro, tornando-se o cartucho mais vendido de 1980. O Atari 2600 começava a se tornar extremamente popular após quase ter sido descontinuado por Nolan Bushnell, o fundador da empresa. Space Invaders iniciou a chamada Era de Ouro dos videogames e arcades em 1978. O mundo do entretenimento nunca mais seria o mesmo. Foi um jogo que rompeu barreiras culturais, ao ser um grande sucesso tanto nos Estados Unidos quanto no Japão, abrindo caminho para um dos estilos mais populares de videogame, o Shoot'em Up (tiro) e para a influência decisiva que os japoneses teriam na agora nascente indústria do jogos eletrônicos. A invasão não veio do espaço, e sim do oriente, da terra dos sol nascente. Antecedentes Importantes: - Breakout Inspirou: - Galaxian, Galaga, Phoenix, Xevious, Gorf e praticamente todo jogo vertical de tiro com naves. Por que é revolucionário: - O primeiro jogo de grande sucesso em todo o mundo. - Consolidou o estilo Shoot'em Up, o jogo de tiro contra uma série de inimigos, abrindo caminho para outros jogos clássicos e evoluções como Galaxian. - O primeiro jogo a ter High Score. - Ao contrário da maior parte dos jogos da época, Space Invaders não tinha limite de tempo. O jogo só terminava quando o jogador perdesse todas as suas "vidas". - Primeiro jogo a ter personagens animados. - É impossível vencer, o jogo não tem fim. - Iniciou a Era de Ouro dos arcades. - Teve contribuição fundamental para fazer do Atari 2600 um dos videogames mais populares da história, ao ser o primeiro jogo de arcade a ser licenciado para rodar em um console caseiro. Ao contrário de Pac- Man, a conversão de Space Invaders é excelente, sendo difícil hoje em dia imaginar que o jogo tinha apenas 4K de tamanho. Foi feita por Rick Maurer, que só recebeu US$11.000 pelo ótimo trabalho. Além de Space Invaders, Maurer só fez mais um outro jogo para a Atari, Maze Craze, e nunca mais trabalhou para a empresa, famosa por oprimir seus programadores.
O gabinete mostrando os gigantescos monstros alienígenas, algo bem diferente dos simpáticos inimigos dentro do jogo
A magnífica versão do Atari VCS (2600)
Rascunhos de Nishikado
Agitando as ruas de Paris