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  Por Sandro Massarani
  Nome: Persona
  Rating: 9 / 10
  Nome Original: Persona
  Ano: 1966
  País: Suécia
  Cor: Preto e Branco
  Duração: 81 min.
  Dirigido por: Ingmar Bergman
  Escrito por: Ingmar Bergman
  Estrelado por: Bibi Andersson, Liv Ullmann, Margareta Krook
  "É possível você ser uma e a mesma pessoa ao mesmo tempo?
  Quero dizer, duas pessoas?"
  Enredo:
  No meio da encenação da peça Electra, atriz de teatro torna-se muda e acaba 
  internada em hospital psquiátrico. Como parte do seu tratamento, acaba indo 
  para uma casa na beira da praia sob os cuidados de uma jovem enfermeira, que 
  ao longo dos dias torna-se cada vez mais instável a ponto de imitar a 
  personalidade da paciente.
  Histórico:
  Bergman teve a idéia de fazer Persona enquanto agonizava no hospital devido a 
  uma pneumonia dupla e uma interminável febre. Imaginou um filme de baixo 
  custo e não se preocupou com seu sucesso comercial. O já reconhecido diretor, 
  que só faleceria quarenta anos depois, queria novamente ter voz.
  Fica bem claro que Bergman faz questão de dizer que estamos assistindo a um 
  filme, colocando imagens de um projetor e cenas de filmes antigos no início, 
  uma "quebra" que claramente divide o filme no meio, e imagens da equipe de 
  filmagem no fim. O princípio também é marcado por cenas aparentemente sem 
  lógica (non sequitur), mas que ao longo da obra acabam sendo relacionadas com 
  os conflitos internos das personagens.
  O resultado é um filme que não chega a ser surrealista, como geralmente é 
  aceito, pois a história é bem clara e linear. Porém, ao tratar da psiquê humana e 
  ter cenas que representam sonhos, acaba abrindo inúmeras hipóteses e largo 
  campo para discussões. Várias teorias foram criadas para tentar explicá-lo, mas 
  como não há nesses casos opinião ou explicação correta, cada um deve tirar 
  suas próprias conclusões. Essa é a riqueza e o legado de uma grande obra.
  Persona é um dos filmes mais complexos já feitos, por um diretor já consagrado 
  na época, e que pelas palavras do próprio é possivelmente a sua obra prima.
  Prós:
  - É um filme que permite várias explicações, e nunca vai ser desvendado. Isso 
  sem se utilizar de diálogos forçados ou de manipulação do espectador.
  - O filme é praticamente um monológo, mas a qualidade do diálogo e a tensão 
  existente nele acaba tornando-o um ponto chave para a execução da trama.
  - A semelhança física entre as duas personagens é utilizada em proveito da 
  história, inclusive com nervosas superposições e fusões de imagens. A face é 
  retratada com especial atenção no filme. A fotografia feita por Sven Nykvist é 
  extremamente competente.
  - A cena que Bibi Andersson conta sobre sua aventura sexual na praia é uma das 
  cenas mais fortes da história do cinema. Apenas diretores do porte de Bergman 
  conseguem sustentar um monólogo tão pesado por um tempo prolongado sem 
  fazer a cena desmoronar.
  - Grande exemplo da fragilidade humana. A paciente é mais forte do que quem 
  supostamente deveria ajudá-la.
  Contras:
  - Há a sensação de que poderia durar um pouco mais. Intensificar os conflitos. 
  Bergman com certeza teria habilidade para prolongar mais alguns minutos.
  Devo Assistir ?
  É um filme bem difícil que não consegue ser explicado de maneira satisfatória. 
  Será melhor apreciado por aqueles que gostam de tentar decifrar a psicologia 
  humana.
 
 
  tópicos sobre narrativa, roteiros e mundos virtuais
 
 
  
  
 